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A Indústria 5.0, a Sociedade 5.0 e a Nova Estratégia dos Negócios

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A sua organização está com dificuldade para realizar a Transformação Digital, entender e aproveitar os benefícios da Indústria 4.0? Então você precisa se apressar: uma novo tipo de Organização Industrial está nascendo – a Indústria 5.0.

Mas será preciso começar tudo de novo agora que estamos começando a entender o significado da Indústria 4.0? Para desfazer uma provável confusão vamos apresentar algumas explicações.

Nos últimos 10 anos fomos brindados com dois novos conceitos para a Gestão Empresarial e a criação de novos negócios – além das inúmeras Inovações e Tecnologias Digitais. Estamos nos referindo à Indústria 4.0  que nos leva para a Indústria 5.0.

A Quarta Revolução Industrial está em evolução

A ideia de Indústria 4.0 foi apresentada em 2011, na Feira Internacional de Hanover e foi consagrada no Fórum Econômico Mundial em Davos, no ano de 2016, quando Klaus Schwab, um dos coordenadores da reunião, publicou o livro, a Quarta Revolução Industrial para estimular a discussão entre os líderes empresariais e políticos.

A preocupação era como preparar as empresas, instituições e governos para dominar – e tirar o melhor proveito – de uma série de uma série de novidades tecnológicas: a Inteligência Artificial, a Robótica, a IoT (Internet of things), a Machine Learning, a impressão 3D, a Computação na Nuvem, os Veículos Autônomos, a Nanotecnologia, entre outras.

Essas novas tecnologias e inovações da Indústria 4.0 têm estimulado o aparecimento de novos Modelos de Negócios, que estão transformando a relação das empresas com os Clientes, redefinindo a cadeia de produção, criando novas formas de consumo, oferecendo novos  canais de distribuição e globalizando os sistemas logísticos.

Uma das consequências desta situação é a mudança da relação homem-máquina (digitais). Há uma série de benefícios, mas também novas preocupações. Mais especificamente, a crescente utilização das tecnologias digitais e de robôs têm aguçado a imaginação de pesquisadores e escritores. Raymond Kurzweil, por exemplo, em seu livro, Singularity is Near (publicado em 2005), afirmou de forma provocativa e como um alerta, que a Inteligência Artificial irá prevalecer sobre os homens, em 2045. Será?

Nesse admirável mundo tecnológicos geram inúmeras questões: o que acontecerá com os empregos? Veremos mesmo o fim dos empregos como alertou Jeremy Rifkin em seu livro de 2004, com o mesmo nome? Quais os impactos sobre o consumo, uma vez que as máquinas não compram produtos como as pessoas? As pessoas devem se adaptar às máquinas, ou são as máquinas que devem se adaptar às pessoas?

E, talvez a pergunta mais importante: A crescente utilização das tecnologias digitais está melhorando as condições de vida das pessoas e contribuindo para a preservação e recuperação do meio ambiente?

Um ponto merece ser esclarecido em relação à abordagem da Quarta Revolução Industrial, embora nem todos os críticos tenham dado a devida atenção. As pessoas no ambiente de trabalho são consideradas tão importantes quanto as novas tecnologias digitais e industriais, sejam os robôs ou os chatbots.

Aliás esse fato foi muito bem destacado por Klaus Schwab em sua abordagem da Quarta Revolução Industrial: a Indústria 4.0 não se limita a criar Smart Factories (fábricas inteligentes), mas também tem como foco o ser humano e a melhoria da qualidade de vida das pessoas, refletido no novo modelo de Human-Centricity Organization.

indústria 5.0
indústria 5.0

Vale ressaltar, que esse conjunto de tecnologias destinadas a diferentes setores de atividade deve estar integrada ao Plano Estratégico das empresas, em especial das organizações industriais, para o desenvolvimento da nova Factory of the Future (a fábrica do futuro).

Este novo modelo de indústria possui uma ampla perspectiva porque utiliza as diferentes tecnologias não só para a transformação da organização industrial, mas principalmente, para a capacitação dos empregados para a realização de um trabalho cooperativo e orientado para resultados. No outro lado do mundo – o Japão – esta é a principal preocupação dos últimos cinco anos.

O Significado de Indústria 5.0 e de Sociedade 5.0

A ideia de Sociedade 5.0 foi lançada pelo governo japonês, em 2016, em seu 5º Plano Básico de Ciência e Tecnologia, que tinha por finalidade usar as novas tecnologias para aprimorar as capacidades humanas e promover o bem-estar social e não somente o crescimento econômico. As bases para a Sociedade 5.0 foram desenvolvidas pelo  Council for Science, Technology and Innovation, CSTI e o Keidanren, Japan Business Federation.

A Indústria 5.0 se desenvolve no interior da Sociedade 5.0

A Sociedade 5.0 pode ser definida com uma Smart Society (na verdade uma Superinteligente Sociedade), onde o espaço físico e o ciberespaço estão integrados para possibilitar o progresso econômico e a resolução dos atuais problemas sociais rumo a uma sociedade centrada no ser humano.

A Sociedade 5.0 tal como ela é preconizada, tem um forte pegada social e ambiental. Dessa forma ela contribui para tornar uma realidade os ODSs- Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030 da ONU, como também estimular o engajamento das empresas, das instituições e dos governos com os fatores ESG- Environmental, Social, Governance.

A Sociedade 5.0 tem como objetivo aplicar todo o potencial das novas tecnologias, das inovações e da produção industrial para melhorar a qualidade de vida as pessoas. Ela tem como foco a sociedade – e não somente os negócios, que são tanto parte do problema, como parte da solução.

A nova ideia de sociedade é suportada por uma série de novos e importantes conceitos, como por exemplo, Automação, Desmaterialização, Digitalização e Servitization, que pode ser entendido como a oferta de um pacote integrado de produto-serviço para atender às necessidades e desejos dos consumidores.

A Indústria 4.0 é o ponto de partida para a Indústria 5.0

É importante ressaltar desde o início, que a Indústria 5.0 não significa uma substituição da Indústria 4.0, que por sua vez, representou grandes avanços econômicos e tecnológicos, porém, nem sempre acompanhados de desenvolvimento social e preservação do meio ambiente.

Indústria 5.0 - imagem 2

A Indústria 5.0 e todo seu potencial de transformação e criação de valor visam elevar e qualidade de vida e a competitividade de países, indústrias, empresas prestadoras de serviços e instituições, inclusive o governo. Segundo o Council for Science, Technology and Innovation (CSTI) do Japão, os pilares da Sociedade 5.0 e, em consequência, da Indústria 5.0, são os seguintes, conforme observado por João José Giardulli Júnior:

I-) Promover ações para criar novo valor para o desenvolvimento da futura indústria e transformação social;

II-) Responder aos desafios econômicos e sociais;

III-) Reforçar os fundamentos da Inovação Científica e Tecnológica; e

IV-) Estabelecer um ciclo virtuoso sistêmico de recursos humanos, conhecimento e capital para inovação.

Assim, o que distingue a Indústria 5.0 é a proposta de um novo modelo de organização industrial e prestação de serviços com foco no ser humano e, não exclusivamente na tecnologia. A nova mensagem é que as tecnologias digitais e as inovações (inclusive as disruptivas) estejam a serviços das pessoas –  e não somente no aumento da produtividade, redução dos custos e maiores lucros.

A Evolução da Organização de um Sistema Sociotécnico para um Sistema Sócio-Cibernético

A Indústria 5.0 apresenta uma importante evolução do ambiente de trabalho desde que as organizações foram consideradas sistemas abertos e, principalmente, Sistemas Sociotécnicos em substituição ao antigo modelo burocrático.

A organização como um Sistema Sociotécnico valoriza a interdependência entre o componente social (pessoas) e o componente técnico (engenharia e tecnologia) no processo de produção, prestação de serviços e criação de valor.

A novidade trazida pela Sociedade 5.0 é o papel desempenhado pelas Tecnologias Digitais na atividade econômica, agora promovendo uma integração o espaço físico de trabalho e o ciberespaço. É o modelo denominado pelos especialistas de Sistema Sócio-Cibernético (cyber-social system).

Há uma crescente compreensão, que as organizações não podem ser dirigidas somente como um Sistema Sociotécnico. Isto devido à crescente complexidade existente no ecossistema dos negócios, ao grande volume de dados e informações a serem processadas, ao domínio das novas Tecnologias Digitais, da Inteligência Artificial, da IoT, do Analytics, da Realidade Aumentada, entre outros fatores.

Numa palavra, a intensidade das informações (o Big Data a ser organizado), que fluem nas organizações, na cadeia de valor, nas redes sociais e no ecossistema dos negócios excedem a capacidade das pessoas analisarem e interpretarem todos esses dados, sem o apoio da Tecnologia da Informação e Comunicação.

É devido a esses novos elementos, que as tecnologias digitais e a cibernética estão sendo cada vez mais aplicadas às organizações, possibilitando a criação dos novos Sistemas Sócio-Cibernéticos, ou melhor ainda, das Organizações Sócio-Cibernéticas, centrada no ser humano.

Então surgem novas possibilidades: é esse nova Organização Sócio-Cibernética, que agora deve ser considerada para a solução dos graves problemas sociais (pobreza, desigualdade social e exclusão social) e evitar a degradação e possibilitar a preservação do meio ambiente.

É no interior dessa nova Organização Sócio-Cibernética que o Propósito Transformador Massivo, as Diretrizes Empresariais, a Estratégia Competitiva e a Governança Corporativa devem ser consideradas.

A emergência da Human-Centricity Organization

A Sociedade 5.0 é suportada pela eficiência (inovação e gestão), por uma ampla inclusão social (o social) e a sustentabilidade (meio ambiente), visando melhorar a competitividade das empresas pelo poder do conhecimento, da tecnologia e da inteligência.

Usando como referência o livro recém-lançado de Philip Kotler, Marketing 5.0, podemos afirmar, que o propósito da tecnologia é engrandecer a vida das pessoas e contribuir para o bem-comum.

Segundo Kotler, na Sociedade 5.0 a ideia de human-centricity organization está se tornando a nova tendência. As inovações tecnológicas, que ele denomina de next tech, visam capacitar as habilidades humanas. As principais tecnologias capacitadoras são: Inteligência Artificial, Sensores, Robotics, Realidade Aumentada, Realidade Virtual, IoT- Internet of Things, Blockchain e NPL- New Language Processing.

Esse novo foco ao ser humano, à sociedade e ao meio ambiente provoca uma importante alteração nas atividades operacionais e no posicionamento estratégico  das empresas, que evolui de Customer Centricity Organization para Human-Centricity Organization.

O mindset tradicional dos negócios defendia uma ideia fixa: se as empresas investissem parte de seu lucros no desenvolvimento da sociedade, elas tomariam essas decisões às expensas do rápido crescimento. O que também deveria ser uma reponsabilidade dos governos e não das empresas.

Porém, o novo mindset da Sociedade 5.0 recomenda o oposto. Os empresários e as empresas precisam compreender que o foco somente nos lucros gera externalidades negativas que precisam ser levadas em conta. Décadas de crescimento dos negócios foram acompanhadas da degradação do meio ambiente e da desigualdade social.

Essa situação trouxe um alerta para os negócios: as empresas não conseguirão prosperar em uma sociedade com graves problemas sociais e ambientais.

Outro ponto a ser destacado é, que os consumidores – em especial os da nova geração – estão cada vez mais tomando decisões baseadas na conduta ética e de sustentabilidade das empresas. Isso exige um novo posicionamento competitivo: agora as empresas estão buscando um novo fortalecimento das marcas (com apelos socioambientais); valorizando um consciente estilo de vida; demonstrando a preocupação e a redução da emissão de carbono; implementado boas práticas de trabalho e estimulando o espírito empreendedor.

A Indústria 5.0 está comprometida com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU 2030 e com os fatores ESG

Uma importante característica da Indústria 5.0 é a possibilidade dela promover uma nova integração entre as empresas e a sociedade. Os líderes empresariais estão cada vez mais conscientes, que as empresas podem desempenhar um importante papel na redução dos problemas sociais e das questões ambientais.

Além do novo mindset com esta pegada mais socioambiental, as empresas podem contar as inovações e as tecnologias digitais no enfrentamento dessas questões, que afetam a qualidade de vida das pessoas e o desenvolvimento sustentável dos negócios.

Há também a percepção, entre inúmeros líderes empresariais, que vivemos em um mundo assimétrico, onde a escassez e a abundância coexistem lado a lado.  Diferentes autores e pesquisadores como Peter Diamonds, Steven Kotler e Salim Ismael vem destacando como a pobreza, a desigualdade social e a degradação ambiental convivem, ao mesmo tempo, com a abundância, com as oportunidades exponenciais  e com negócios de elevado valor de mercado, que também geram riquezas.

É essa assimetria, que a nascente Indústria 5.0 pretende superar, aplicando as inovações (inclusive as disruptivas) e as tecnologias digitais para acelerar a melhoria da qualidade de vida das pessoas e a preservação e renovação do meio ambiente. Esses desafios podem ser resumidos na frase: fazer o bem, faz bem para os negócios.

É também o momento da Inovação Social, onde o conceito de Propósito Transformador Massivo e a Estratégia Empresarial precisam incluir o componente social e ambiental. Uma nova mentalidade e as novas tecnologias digitais possibilitam a criação de um Novo Modelo de Organização Industrial.

O Modelo da Indústria 5.0 pode ser aplicado rapidamente, como algumas empresas já fazem, na entrega dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030 da ONU e nos fatores ESG- Ambiente, Sociedade e Governança. As empresas, além de incluir no core business e na Estratégia Empresarial as questões sociais e ambientais, também podem oferecer soluções tecnológicas em Educação e Capacitação Profissional para seus empregados, ocupando o vácuo deixado pelo ensino tradicional.

A Indústria 5.0 demanda Pessoas Capacitadas

Nesse novo contexto social, assim como valorizamos a Smart City e a Smart Factory é preciso concentrar esforços na Smart Education para a formação de pessoas e profissionais com as competências necessárias para desempenhar seu papel, com sucesso, numa empresa, numa indústria, ou ainda numa instituição pública.

No ambiente de trabalho da Indústria 5.0 notamos a convivência de cinco diferentes tipos de gerações: os Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964); a Geração X (nascidos entre 1965 e 1980);  a Geração Y (os Millennials, nascidos entre 1981 e 1996) e a Geração Z (os primeiros nativos digitais, nascidos entre 1997 e 2009).

O maior desafio para os empresários, diretores e gestores é lidar com a disparidade de capacitação, entre aqueles que dominam as tecnologias digitais – a geração mais jovem – e as pessoas não capacitadas –  em especial os profissionais veteranos.

As constantes e rápidas mudanças que estão ocorrendo na sociedade, acaba afetando o ambiente de trabalho. As novas tecnologias e inovações estão exigindo uma nova mentalidade, novas habilidades das pessoas e, principalmente, dos trabalhadores da indústria. E, principalmente, um grande ênfase no treinamento e capacitação dos empregados.

A Capacitação na Era Digital: Upskilling, Reskilling e Lifelong Learning

Direta e indiretamente todas as pessoas, organizações e instituições estão sendo afetadas pelas novas tecnologias e inovações, em especial: Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT), Analytics, Blockchain, Deep Learning, Realidade Virtual, Impressão 3D, Robótica, Data Lake.

Todos nós vivemos em uma Sociedade em acelerada e constante mudança – é o mundo denominado VUCAVolatividade, Incertezas, Complexidade, Ambiguidade. Mas, como já mencionamos, também é um mundo assimétrico: a desigualdade social convive com a abundância. Mas, em meio às crises há Oportunidades Exponenciais.

Nesse novo ecossistema dos negócios, a Educação, a Capacitação, a Aprendizagem e o Desaprender de velhos modelos mentais são igualmente importantes. Como afirmou Alvin Tofler:

“Os analfabetos do século 21 não serão aqueles que não sabem ler e escrever, mas aqueles que não sabem aprender, desaprender e reaprender.”

É nesse admirável mundo novo que os conceitos e práticas da Educação e, em especial, a Educação Corporativa e Empresarial adquirem grande importância. Agora ressaltamos as novas experiências de aprendizado: Upskilling, Reskilling e Lifelong Learning.

Upskilling é a atualização, o aprendizado e a aquisição de novos conhecimentos e habilidades para uma pessoa desempenhar um trabalho (atual ou novo) no interior de uma organização. O Upskilling abre novas perspectivas e possibilita o crescimento profissional das pessoas.

Reskilling significa aprender novas habilidades e conhecimentos para uma pessoa realizar um trabalho diferente para um organização. Reskilling também está associado à requalificação profissional para as pessoas que desejam mudar de trabalho, ou ainda, perderam o emprego devido às inovações no ambiente da organização, ou extinção de funções.

Exemplos de Upskilling e Reskilling são: saber usar as novas tecnologias digitais, saber o significado de novos conceitos (Indústria 4.0, Blockchain, ESG- Ambiente, Sociedade, Governança, Mindset Agile, Lean Organization), saber como funciona a Inteligência Artificial, interpretar dados ou informações, interagir com robôs, ou ainda, dominar um idioma diferente.

A ideia do Lifelong Learning existe pelo menos desde a década de 1970, quando passou a ser realçada pela Unesco. A ideia de Lifelong Learning é importante tanto para as pessoas como para as organizações. Para os profissionais veteranos o aprendizado contínuo oferece novas oportunidades de atualização profissional. Para os mais jovens, a oportunidade de crescimento profissional e amadurecimento pessoal.

Outra importante característica da aprendizagem ao longo da vida é que ela combina dois objetivos: uma educação para melhorar a qualificação profissional e o outro orientado ao desenvolvimento da cidadania e a emancipação individual. Em síntese, o Lifelong Learning cria uma nova Cultura de Aprendizagem para a Era Digital.

Devido a esses motivos, as habilidades em Upskilling e Reskilling são essenciais na nova Sociedade 5.0 e Indústria 5.0.  Inúmeras pesquisas mostram,  que se de um lado, há escassez de pessoas qualificadas para os novos desafios da Smart Organization ou Smart Factory, por outro lado, há um grande contingente de empregados não qualificados para o novos Jobs to be done, tanto dos Clientes como da organização.

Nesse sentido, The World Manufacturing Forum identificou as Top-10 habilidades que serão necessárias (ou já são necessárias) para a Indústria do Futuro (Future Manufacturing).

As Top-10 Habilidades do Operador da Indústria do Futuro

1-) A alfabetização digital como uma habilidade holística para interagir, compreender, habilitar e até desenvolver novos sistemas, tecnologias, aplicativos e ferramentas de manufatura digital.

2-) Capacidade de usar e projetar novas soluções de IA e análise de dados ao mesmo tempo em que interpreta os resultados de forma crítica.

3-) Resolução criativa de problemas em tempos de abundância de dados e oportunidades tecnológicas em sistemas de manufatura inteligentes.

4-) Uma forte mentalidade empreendedora, incluindo proatividade e capacidade de pensar fora da caixa.

5-) Capacidade de trabalhar com segurança física e psicológica e de forma eficaz com as novas tecnologias.

6-) Mentalidade intercultural e disciplinar, inclusiva e orientada para a diversidade para enfrentar novos desafios decorrentes de uma força de trabalho de manufatura mais diversificada.

7-) Cibersegurança, privacidade e atenção aos dados / informações para refletir a pegada digital em rápido crescimento da cadeia de valor da manufatura.

8) Capacidade de lidar com a complexidade crescente de múltiplos requisitos e tarefas simultâneas.

9-) Capacidade de comunicação eficaz com humanos, sistemas de TI e IA através de diferentes plataformas e tecnologias.

10-) Mente aberta para a mudança constante e habilidades de transformação que questionam constantemente o status quo e iniciam a transferência de conhecimento de outros domínios.

Uma das principais ideias associadas ao Upskilling e Reskilling é que a inovação tecnológica e sua difusão dependem da capacidade de absorção de novos conhecimentos, que podem ser conquistados por meio de investimentos no capital humano das organizações. Nesse sentido, as empresas vão desempenhar, cada vez mais, um importante papel na Educação e formação da Força de Trabalho.

Porém, há uma crescente preocupação entre empresários e governos. Diferentes pesquisas e estudos revelam também, que as novas tecnologias da informação e digitais estão eliminando inúmeras tarefas repetitivas e algumas atividades de risco, que passam a ser executadas por robôs e cobots (robôs criados para realizar um trabalho cooperativo no ambiente de uma indústria ou organização).

Ao mesmo tempo, como já mencionado, as organizações estão demandando pessoas com conhecimentos para interagir e usar essas novas tecnologias nos processos empresariais e industriais. Não se trata só do problema associado à coexistência de diferentes geração de trabalho na organização – é fundamentalmente uma questão de qualificação profissional, que pode ser assim resumida para as diferentes situações:

a-) Trabalhos repetitivos, de baixa complexidade, que serão realizados pelos robôs;

b-) Trabalhos específicos, mais complexos, que podem ser realizados por pessoas com formação tecnológica, apoiados por tecnologias digitais e Inteligência Artificial;

c-) Trabalhos operacionais que podem ser realizados pela atual força de trabalho, mas que precisam ser treinadas e capacitadas;

d-) Empregados que trabalham em unidades industriais, no atendimento aos Clientes ou em serviços de apoio, que serão substituídos por não terem capacidade para participar de treinamento de atualização profissional no curto prazo.

Todas essas situações têm impactos econômicos e sociais e estão no centro das preocupações dos gestores e profissionais da área de recursos humanos. O desafio é desenvolver e contar com empregados com habilidades ajustadas às necessidades da tecnologia, capacitados e com o perfil necessário para atuarem no processo de produção e no trabalho colaborativo.

Na abordagem centrada no ser humano da Indústria 5.0, os empregados não podem ser considerados somente custos, mas principalmente como um investimento em capital humano, que gera benefícios tanto para a empresa como para o empregado. A ideia é obter o melhor possível da interação entre a automação e as novas tecnologias com as expertises dos seres humanos.

Dessa forma, outra importante contribuição do novo modelo de organização industrial, é a oferta de soluções tecnológicas em educação continuada e em administração de negócios a qualquer momento e em qualquer lugar.

Essa nova mentalidade empresarial traz inúmeros benefícios tanto para as organizações como para os empregados, merecendo destaque: a atração e retenção de talentos capacitados para a Era Digital; melhor desempenho econômico e financeiro dos negócios; maior competitividade suportada por equipes de profissionais capacitadas; maior resiliência e sustentabilidade da empresa face às mudanças no Ecossistema dos Negócios.