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O Propósito e a Estratégia em Ação: o Manifesto OKRs

Propósito-Manisfesto OKRs

Uma preocupação ronda as Reuniões de Diretoria de inúmeras organizações: o desafio de elaborar um Propósito Inspirador, a dificuldade de executar a Estratégia e conseguir o Engajamento das Pessoas com as prioridades da organização.

O Manifesto OKRs vem para propor novas maneiras de enfrentar esses problemas. Estamos insatisfeitos com inúmeras soluções simplistas e baseadas no mindset conservador. A nova abordagem valoriza: o Propósito Inspirador, a Estratégia Ágil, o Foco no Cliente e a Implementação (ação rápida) por meio dos OKRs.

I- O Propósito Inspirador:

Transmite uma mensagem inspiradora sobre a transformação que a organização deseja provocar na vida das pessoas. Ele desafia as pessoas a realizarem um trabalho repleto de significado e de realizações. Veja alguns exemplos:

 “Acelerar a transição do mundo para a energia sustentada” (Tesla).

“Facilitar os negócios em qualquer lugar” (Alibaba).

“Dar as pessoas o poder de criar comunidades e aproximar o mundo” (Facebook).

“Ajudar as pessoas e suas organizações a fazer mais e chegar a mais realizações” (Microsoft).

“Sua vida com trilha sonora” (Spotify).

“Organizar as informações do mundo e torna-las mundialmente acessíveis e úteis para todos” (Google).

O Propósito Inspirador significa pensar bold, isto é, pensar grande num ecossistema de oportunidades. A reconhecida mensagem: Comece pelo Por Quê é respondida pelo Propósito Inspirador. Leva às pessoas a refletirem e agirem: você está trabalhando em algo que pode melhorar a vida das pessoas e às questões socioambientais?

O Propósito Inspirador, ou melhor ainda, o Propósito Transformador Massivo é uma evolução dos clássicos conceitos de Missão e Visão. A principal diferença é que ele está direcionado para a descoberta de Oportunidades Exponenciais por meio de uma integração entre o Produto-Solução, a Tecnologia e o Valor Criado pela organização.

II- Foco no Cliente:

Na Era Digital, por mais que as pessoas pensem em tecnologia, não é possível esquecer a mensagem de Peter Drucker: a finalidade de uma empresa é conquistar e fidelizar Clientes.

Toda empresa precisa estar próxima aos Clientes e entender quais são suas necessidades, desejos e aspirações. Numa linguagem moderna, consagrada por Clayton Christensen, as organizações precisam estar em prontidão para entender qual é o Job-To-Be-Done dos Clientes, numa determinada situação, e oferecer um Produto-Solução.

Em seguida a organização após reconhecer qual é o Job-To-Be-Done precisa formular e entregar uma consistente Proposta de Valor, isto é, a oferta, a solução, o valor criado e percebido pelos consumidores, suportado por uma tecnologia.

Lembrando, que agora a competição não acontece somente no âmbito dos produtos (comparáveis e substitutos entre si), mas principalmente por meio das Plataformas de Negócios. Uma Plataforma viabiliza as interações entre produtores e consumidores, explorando os Efeitos de Rede para o crescimento das receitas e criação de valor.

O Foco no Cliente exige também que um novo tipo de organização denominada de Customer-Centricity (centralizada no Cliente), dessa forma o desenvolvimento de um produto inovador, com uma nova tecnologia deve ser realizado com elevada interação com os consumidores em potencial e o desenvolvimento de mercado. Uma organização centrada no cliente chega mais rapidamente ao Fit Produto-Mercado, fator essencial para o sucesso.

III- Estratégia Ágil:

Tem por finalidade capacitar a organização para conquistar Clientes num ambiente em transformação, incerto, com riscos e oportunidades emergentes, tudo isso, suportado pelas tecnologias digitais e disruptivas.

Na Era Digital as empresas precisam redescobrir o real significado da Estratégia Competitiva. Precisam reconhecer a diferença existente entre o Planejamento e a Estratégia. Devem superar a recorrente dicotomia existente entre o Pensar e o Agir. Neste admirável novo mundo a Estratégia significa ação agora, tendo como referência o Propósito e a Visão do futuro.

Em contraste com o Planejamento Estratégico tradicional, baseado no controle e previsibilidade (difíceis de acontecer), a Estratégia Ágil lida com a incerteza, o imprevisto, a aprendizagem e a criatividade. A Estratégia Ágil visa responder às mudanças rapidamente e não ficar presa ou seguir um plano estabelecido, com grande antecedência.

A Estratégia Ágil é executada por meio de Planos de Ação adaptativos de curto prazo. Testa hipóteses, verifica sua viabilidade por meio de feedback, gera aprendizagem e novas iniciativas para a entrega dos resultados-chave. A nova abordagem parte de fatos conhecidos para o que é ainda desconhecido. Por essa razão ela é emergente, adaptativa e ágil.

Em analogia, a Estratégia Ágil pode ser considerada como a versão da gestão empresarial da Lei de Moore: uma Estratégia tem um tempo de validade e precisa ser renovada continuadamente. De forma provocativa, uma Estratégia Competitiva perde seu potencial de criação de valor a cada ano – as necessidades dos Clientes mudam, novas tecnologia e inovações são criadas e surgem novos concorrentes de Startups a Corporações.

A Estratégia Ágil da Era Digital, da Indústria 4.0 e da Era ESG conta a história de pessoas motivadas e comprometidas com realizações extraordinárias. São pessoas insatisfeitas com o status quo, com o fazer mais do mesmo e presas a um mindset conservador.

No novo Ecossistema dos Negócios as pessoas e equipes da organização se preocupam em entender a Jornada do Cliente para a realização do Job-To-Be-Done e encontrar uma empresa que ofereça a solução procurada.

Atualmente falamos que toda organização é uma empresa de tecnologia. Nas palavras de Marc Andreessen, o software está devorando o mundo. Mas a tecnologia, a estratégia, a inovação e a liderança precisam atuar de forma integradas.

A Estratégia Ágil exige liderança ágil e equipes ágeis, que não só se adaptam às mudanças, como também aproveita as oportunidades emergentes relacionadas à evolução das necessidades dos Clientes.

IV- A Ação pelos OKRs:

Eles podem ser entendidos como um princípio organizador de uma corporação ou de uma startup. Os OKRs (Objetivos e Resultados-Chave) são uma Metodologia de Gestão, um framework, que visa garantir que a empresa concentre esforços nas mesmas questões importantes em toda a Organização.

Os OKRs são uma metodologia para a Gestão Contínua do Desempenho de uma empresa em seu processo de Criação de Valor e de Riqueza. Conforme nos explicou Christina Wodtke,

“Os OKRs fornecem foco, unem as equipes em torno de uma única estratégia e transformam todos os objetivos, em objetivos ousados (moonshots)”.

Os OKRs enquanto uma nova Metodologia de Gestão Empresarial  podem ser entendidos como sendo:

  • Um Princípio Organizador de uma Empresa, Customer-Centricity,  a partir de seu Propósito Transformador;
  • Um conjunto de Ações Integradas orientadas para o Crescimento Exponencial  da Empresa, com foco em Mercados de Elevado Tamanho;
  • Um fator de Valorização do Negócio pela integração entre uma Mentalidade Empreendedora, uma Tecnologia Inovadora e Investidores de Venture Capital e Private Capital.

Os OKRs levam uma Empresa a ser Governada, com uma nova mentalidade, como se fizesse parte de um Portfólio de Investimentos de um Fundo de Private Equity.

A ação organizacional pelos OKRs é mostrado pelo fluxo: Propósito Transformador Massivo, Foco no Cliente, Estratégia Ágil e Prioridades do Negócio, num determinado momento do ciclo de vida da empresa e o contexto do Ecossistema dos Negócios.

Uma frase resume a finalidade da nova metodologia de gestão: os OKRs visam resultados extraordinários. Para usar as palavras de Jim Collins, os objetivos são muito difíceis de alcançar, são audaciosos e cabeludos.

Na linguagem dos OKRs são Objetivos Moonshot, isto é, exigem muito esforço para serem alcançado e reinventam o estado da arte.  Estão associados à inovação, à tecnologia e à criatividade.  Eles ajudam uma empresa a se reinventar.

Em complemento, temos os Objetivo Roofshot, que são considerados obrigatórios de serem atingidos. Estão associados à qualidade, produtividade e eficiência operacional. Eles visam a fazer mais do mesmo de uma forma melhor.

Os OKRs traduzem na prática a principal característica da Estratégia Ágil para a Era Digital, Indústria 4.0 e Era ESG: ela é emergente, adaptativa e inovadora, visando o crescimento acelerado das receitas, a lucratividade sustentável e a criação de empresas valiosas (elevada Valuation).

Os OKRs são implementados por meio de uma abordagem tanto no sentido Top-Down, como Bottom-Up e Horizontalmente pelas Equipes Multidisciplinares. Os times são orientados a entregar resultados (outcome) – e não somente realizar tarefas (output). A mensagem para os líderes e colaboradores é que a Estratégia precisa ser ágil, eficaz e confiável.

Um alerta  é sobre a necessidade dos OKRs serem suportados por fundamentos de Gestão Empresarial, as clássicas lições dos gurus de negócios, mas adaptadas e renovadas para a Era Digital. Em especial, a recomendação é que os empresários, dirigentes e gestores não deixem as ferramentas, os aplicativos ou os softwares, isoladamente ditarem como uma organização deve realizar suas operações. O ponto de partida é sempre o Propósito, a Estratégia, as Diretrizes e as Prioridades, implementadas por meio dos OKRs.

Concluindo, o Manifesto OKRs procura criar um contexto organizacional para a tomada de decisões estratégicas, com agilidade e consenso sobre o que é prioritário para o sucesso do negócio em um dado contexto. Como nos ensinou, J.J. Shuterland, o cocriador do Scrum, “o futuro não definido. Não viva na escassez – viva na abundância. As possibilidades são inúmeras”. Nesse sentido a Estratégia Empresarial Ágil pode dar uma importante contribuição.

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